Nesta quinta-feira (25) é comemorado o Dia Nacional da Baiana de Acarajé. Em Salvador, uma programação especial, promovida pela Associação Nacional das Baianas de Acarajé (Abam), com apoio da Prefeitura, movimenta o Centro Histórico a partir das 14 horas. Com o tema “Todo Axé da Bahia nesse Dia”, as atividades envolvem missa, cortejo com baianas, exposições e apresentações culturais.

A presidente da Abam, Rita Ventura, destaca a importância de o evento ser realizado em celebração à data. “Estou à frente da associação há 20 anos e nosso maior objetivo é de fortalecer ainda mais essa história. Assim como em todos os anos, estamos realizando atividades para ressaltar os nossos ancestrais, os que deram início a esse legado cultural”, afirmou.

Para valorização das profissionais, símbolos de Salvador e da Bahia, a gestão municipal tem realizado uma série de ações de divulgação e preservação da tradição e atividade da baiana de acarajé. A Secretaria Municipal de Cultura e Turismo (Secult), por meio do Programa de Desenvolvimento do Turismo de Salvador (Prodetur), promoveu um censo com o objetivo de identificar e mapear as baianas de Salvador e das ilhas.

Iniciada no mês de outubro, a pesquisa contou com um questionário sobre georreferenciamento e gravação dos áudios das entrevistas, com perguntas sobre cor, gênero, raça, renda, situação familiar, tabuleiro e ponto de venda. Foram levantadas ainda as dificuldades e necessidades que elas têm de modo a melhorar os pontos de vendas nas ruas, garantindo mais ganhos financeiros e contribuindo para a melhoria do turismo na cidade.

A pesquisa foi encerrada na semana passada e as informações obtidas estão sendo tabuladas para gerar um relatório. As baianas ouvidas receberão um kit padronizado para a melhoria das vendas dos produtos.

Memorial

Inaugurado no ano de 2009, o Memorial das Baianas, localizado na praça da Cruz Caída, no Pelourinho, é um equipamento dedicado à história e à tradição do ofício das baianas de acarajé. Neste momento, o imóvel passa por obras de revitalização promovidas pela Prefeitura, para melhorar e valorizar toda a estrutura degradada com o tempo.

Além de melhorias no espaço, a iniciativa, que conta com projeto elaborado pela Fundação Mário Leal Ferreira (FMLF), prevê o resgate para a exposição permanente da história das baianas, realização de eventos e divulgação da gastronomia regional e dos quitutes. A revitalização do memorial vai incluir novas instalações elétricas e hidráulicas, substituição de toldo, execução de paisagismo, iluminação cênica, serviços de drenagem pluvial e instalações de combate a incêndio.

"A revitalização do Memorial das Baianas vai contribuir para o desenvolvimento e fortalecimento do turismo na nossa cidade, enaltecendo e divulgando esse ícone da cultura nacional. As obras devem ser finalizadas em janeiro e a nova estrutura vai trazer mais conforto a todos", disse o secretário de Infraestrutura e Obras Públicas (Seinfra), Luiz Carlos de Souza.

A execução da revitalização do memorial está a cargo da empresa G3 Polaris, com supervisão da Seinfra, por meio da Superintendência de Obras Públicas (Sucop). O investimento total da obra é de R$384,2 mil, oriundos do Ministério de Turismo.

Monumento

Além do Memorial situado no Centro Histórico, as baianas de acarajé também estão representadas em um monumento instalado pela Prefeitura no trecho de orla de Amaralina. Assinada pelo artista plástico Bel Borba, a escultura consiste em uma baiana vestida com babados e saia rodada, torço, panela entre as pernas e colher de pau em punho, preparando massa de acarajé. A peça mede quatro metros de altura, com peso de 16 toneladas, e visa ressaltar a importância histórica e cultural das quituteiras.

História

A história das baianas de acarajé se inicia ainda no período da escravidão, quando os negros chegaram à Bahia com seus costumes e religião. Ainda no período, escravizadas realizavam a produção do bolinho de acarajé e, através de um canto chamavam outros escravizados, para comprar e alimentar a carne e o espírito. Na religião matriz africana, o acarajé é símbolo da prestação de culto aos orixás Iansã e Xangô.

No ano de 2004, as baianas de acarajé se tornaram Patrimônio da Humanidade pelo Instituto do Patrimônio e Artístico Nacional (Iphan). Em 2012, foram reconhecidas como Patrimônio Imaterial da Bahia e Patrimônio Cultural de Salvador.

Segundo a Associação Nacional das Baianas de Acarajé (Abam), atualmente Salvador possui cerca de 3,5 mil baianas de acarajés. O ofício de baiana de acarajé é regulamentado pela Lei Municipal 26.804, de 1º de dezembro de 2015. Baianas e baianos de acarajé e do mingau precisam de uma licença para atuar, emitida pela Secretaria Municipal de Ordem Pública (Semop), em caráter pessoal e intransferível.