Em 2015, a reforma de 528 unidades habitacionais em Nova Constituinte, no Subúrbio Ferroviário, deu início à maior ação de requalificação residencial de caráter social do país. O programa Morar Melhor completou, na última segunda-feira (8), o terceiro ano de atividades, reformando 20.200 residências em 80 localidades da capital baiana, neste período. O programa executa melhorias de até R$ 5 mil, que incluem serviços como pintura e reboco, troca de esquadrias (portas e janelas), instalações sanitárias (vaso e pia) e recuperação ou troca de telhado nos imóveis.

O Morar Melhor foi lançado em 2015 e tem mudado a vida de milhares de famílias soteropolitanas, com a realização de reforma em casas de moradores de baixa renda localizadas em áreas carentes de Salvador. Os beneficiados são escolhidos a partir de mapeamento e obras executados pela Prefeitura, por meio da Secretaria Municipal de Infraestrutura e Obras Públicas (Seinfra).

Recentemente, a dona de casa Mirian Andrade dos Santos, de 54 anos, realizou o sonho da moradia reformada no Bariri, localidade do Engenho Velho de Brotas. Com problemas de saúde em razão do excesso de peso, Mirian chegou a se ver impedida de sair da própria casa. Hoje, com novas portas e janelas, com um telhado novinho em folha e com acessibilidade, ela celebra a mudança de vida. "Nunca imaginei que minha casa ficaria nesse estado. Antes, quando eu via uma nuvem no céu já me dava um desespero. Chegava a ficar com água pelo joelho. Só vivia dentro de casa porque não conseguia sair. Hoje levanto e saio sozinha", contou.

A experiência é parecida na casa da lavadeira Maria Cristina Santos, 53 anos, que há três décadas mora no Engenho Velho de Brotas. “Antes, a casa alagava. Molhava em todos os cantos, sem trégua. Quando passávamos de um cômodo para outro, era certo sair pisando em baldes ou encharcar a roupa. Hoje conseguimos dormir em paz, sem o risco constante do teto desabar em nossas cabeças, ainda mais que agora temos uma criança em casa. Hoje eu penso em tudo que passei e até rio, só de lembrar dessas coisas. Mas não era fácil dormir com um balde de água ao lado da cama. Eu só tenho a agradecer", destaca a lavadeira. Hoje, divide a casa com dois filhos e um neto de três anos.

Critérios

Os critérios de seleção para o Morar Melhor incluem renda per capita menor que R$70, baseada na concentração de pessoas na casa; ser mulher e chefe de família; e famílias com maior número de idosos. Dentre as melhorias oferecidas estão pintura, reboco e revestimento de parede, recuperação ou troca do telhado, troca de esquadrias e instalações sanitárias.

“O Morar Melhor foi formatado com base nos anseios da população que, durante as visitas das autoridades municipais nas localidades, sempre aparecia alguém pedindo ajuda para reformar uma casa, trocar telhas, dentre outros itens. Dessa forma nasceu o maior programa de melhorias habitacionais do Brasil, tanto no critério de infraestrutura como na área social", destaca o titular da Seinfra, Almir Melo.

Um dos resultados alcançados a partir do programa é a diminuição do déficit qualitativo das unidades habitacionais por conta das melhorias no conforto e salubridade. “Após realização do levantamento e do cadastro das casas beneficiadas, a equipe verifica o que precisa ser executado, com base no desejo do morador e no critério de valor, pois é necessário encaixar a obra no limite de R$ 5 mil disponibilizados pelo programa", complementa Melo.

Demais benefícios

Além da segurança e do resgate da autoestima da população carente ao ver a casa reformada, o Morar Melhor também proporciona outros benefícios para a comunidade contemplada. Uma dessas ações é a atuação também no entorno, com execução de ações de infraestruturas em calçadas, pavimentação de vias, construção e reforma de praças, campos e quadras esportivas.

O programa também possibilita que pessoas da própria comunidade possam trabalhar nas obras de reforma, gerando assim emprego e renda em um momento onde a falta de vagas no mercado formal tem atingido milhões de brasileiros. É o caso de Luiz Fernando Silva, de 21 anos, morador da comunidade do Pirangi, em Brotas. Além da reforma da casa da mãe, Ana Lúcia, ele ainda ganhou uma oportunidade de trabalho. “Estava desempregado. Quando surgiu a oportunidade, fiquei muito feliz. A equipe é legal, pagam certo. Só tenho a agradecer, mesmo”, relata, agradecido.