Antes mesmo do início das obras da primeira etapa de uma das principais intervenções na área de mobilidade da história de Salvador, o BRT (Bus Rapid Transit) já tem recursos garantidos para a realização da segunda etapa – estimada em R$412 milhões. Do total, R$300 milhões são oriundos do Orçamento Geral da União (OGU), repassados pelo Ministério das Cidades, e os outros R$112 milhões do Programa de Financiamento das Contrapartidas do Programa de Aceleração do Crescimento (CPAC), via Caixa Econômica Federal. A medida vai possibilitar a construção do trecho entre a Lapa e o Parque da Cidade (Itaigara).

A assinatura do contrato de financiamento foi realizada nesta segunda-feira (31), em cerimônia realizada no Sheraton Hotel da Bahia, no Campo Grande, com as presenças do prefeito ACM Neto e dos ministros Bruno Araújo (Cidades) e Antônio Imbassahy (Governo); dos secretários Fábio Mota (Mobilidade) e Luiz Carreira (Casa Civil); representantes da Caixa Econômica Federal, demais gestores municipais, autoridades e imprensa. Na ocasião, também foi lançado o selo comemorativo dos Correios em homenagem ao metrô de Salvador, com a participação da superintendente da empresa na Bahia, Elizete de Castro.

O prefeito ACM Neto fez um agradecimento ao governo federal pela compreensão e empenho, no último ano, em possibilitar o desenvolvimento do BRT na capital baiana. Ele lembrou que o projeto já havia sido apresentado pela administração municipal em 2013, na ocasião da transferência da gestão do metrô e do sistema ferroviário da cidade ao governo estadual.

“Desde então, havia apenas promessas de recursos, mas nada de concreto. A população de Salvador acabava sendo penalizada. Após concluído, o BRT vai possibilitar que os cidadãos façam o percurso entre a Lapa e o Iguatemi em 15 minutos, com ônibus confortáveis e contando ainda com a integração com outros modais”, ressaltou ACM Neto. O prefeito ainda salientou que a implantação do corredor expresso para ônibus faz parte do programa Salvador 360, conjunto de ações lançado este ano e que pretende desenvolver a economia e a geração de emprego e renda na cidade.

O ministro Bruno Araújo chamou a atenção para o fato de que o BRT em Salvador é uma obra que conta com mais de R$800 milhões em recursos federais para as duas etapas. “A medida permite que a administração municipal possa dar mais qualidade de deslocamento para a população e fazer com que a cidade avance ainda mais na mobilidade”, pontuou.

Já o ministro Antonio Imbassahy demonstrou satisfação com os investimentos feitos pelo governo federal na capital baiana. Ele completou que a gestão de Salvador, com resultados positivos conquistados desde 2013, tem contribuído para esse cenário. “Esse acontecimento hoje revela a atenção da Presidência com a Bahia, neste caso específico com Salvador. Estão sendo entregues R$300 milhões a fundo perdido, valor expressivo que não tem acontecido em outras solenidades.”

Desenvolvimento 

Além da implantação do corredor expresso, as obras da segunda etapa contemplarão a construção de seis estações: Vasco da Gama, Ogunjá, HGE, Rio Vermelho, Vale das Pedrinhas e Cidade Jardim. Além disso, viadutos na Avenida Garibaldi e elevados paralelos no Vale das Pedrinhas Pedrinhas e Cidade Jardim também fazem parte das iniciativas.

O trecho um está em fase final de licitação e a ordem de serviço para as obras deve ser assinada ainda em agosto. Esse trecho vai da região do Parque da Cidade até a estação de integração com o metrô situada na área do Iguatemi. Com extensão de 2,9km, o investimento previsto é de R$377 milhões. Todos esses recursos estão assegurados por meio de financiamento junto à Caixa Econômica Federal. As obras envolvem a construção de três viadutos, sendo um no sentido Parque da Cidade/Lucaia. Os demais são no sentido Parque da Cidade/Iguatemi e no Iguatemi

No Cidadela e na região do Hiper, serão erguidos, também no trecho um, elevados paralelos para a implantação das estações em cada um desses locais. Com a conclusão da primeira etapa, com obras que devem durar 28 meses após assinatura da ordem de serviço, os corredores exclusivos serão ocupados inicialmente por ônibus comuns, o que já vai representar um ganho de tempo, conforto e segurança para os usuários do transporte público na cidade.

Todo o processo de construção do BRT é coordenado pela Semob, com execução a cargo da Secretaria Municipal de Infraestrutura e Obras Públicas (Seinfra). Os corredores exclusivos ligarão a Estação da Lapa à região do Shopping da Bahia, por meio das avenidas Vasco da Gama, Juracy Magalhães e ACM, no chamado “centro nervoso” da primeira capital do Brasil e num traçado totalmente diferente daquele feito pelo metrô. O projeto foi idealizado para fazer a integração entre os dois principais polos econômicos da cidade: o Centro Histórico e a região do Iguatemi.

Além da melhoria da mobilidade em uma das mais importantes regiões de tráfego da cidade, o BRT segue o previsto pelo Plano Diretor de Desenvolvimento Urbano (PDDU) e pela Lei de Ordenamento e Uso do Solo do Município (Louos): a promoção da descentralização de serviços e do setor econômico. A obra foi dividida em etapas para facilitar a captação dos recursos.

Vias existentes – As intervenções preveem o aproveitamento das vias de ônibus convencionais já existentes ao longo da Avenida Vasco da Gama, adaptando-a para uso do BRT. Nos demais trechos serão implantadas novas vias exclusivas para o sistema e as intervenções também contarão com obras de macrodrenagem, urbanização e paisagismo ao longo do corredor de transporte e implantação de ciclovias. Para facilitar a captação de recursos e execução, o projeto foi dividido em três etapas, incluindo a expansão que vai do Parque da Cidade ao Posto Namorados (orla da Pituba), com 1,8 quilômetro. O BRT será integrado aos demais modais, como o transporte coletivo por ônibus convencional e metrô.

Os veículos do sistema BRT serão do tipo ônibus articulados, com capacidade nominal para 170 passageiros, portas largas e comprimento máximo de 23m, operando a uma velocidade comercial de 25 a 40 km/h. A previsão é de que o trecho entre o Iguatemi e a Lapa seja feito em 16 minutos, com velocidade média de 34,5 km/h, o que representa redução de tempo médio de 37%. Da Pituba para o Iguatemi e vice-versa, a previsão de percurso é de 7 minutos, com velocidade de 37,4 km/h e redução de tempo de até 69%. Da Lapa para a Pituba, também devem ser gastos 16 minutos, com velocidade de 35,9 km/h e redução de tempo de 42%.

Vale frisar que, com a conclusão da primeira etapa, os corredores exclusivos serão ocupados por ônibus comuns. As obras de execução dos trechos podem ser feitas de maneira simultânea. O projeto prevê alcançar o atendimento de cerca de 31 mil passageiros por hora (horário de pico) num horizonte até o ano de 2044. A medida vai beneficiar não só a população lindeira ao corredor, mas também aquela cujos destinos são as principais áreas da Pituba, Iguatemi, Avenida Tancredo Neves, Vale das Pedrinhas, Rio Vermelho, Ondina e demais bairros da cidade.

Integração e benefícios para a população

 Benefícios 

O corredor do BRT entre a Lapa e a região do Iguatemi será implantado de maneira a permitir futuras expansões do sistema, sempre de forma integrada às demais modalidades de transporte coletivo de Salvador, tais como o metrô e os ônibus convencionais. Com a iniciativa, a população contará com um sistema de transporte coletivo de alta qualidade (conforto, segurança e confiabilidade), integrado aos demais modais. Além disso, haverá redução do tempo de percurso do transporte coletivo, com o uso de corredores exclusivos.

Para o sistema, serão utilizados equipamentos maiores e mais confortáveis, todos dotados com ar-condicionado. A rapidez será garantida com a implantação de vias de fluxo contínuo com solução viária para os cruzamentos entre a Avenida Vasco da Gama e a Rua Lucaia; Avenida ACM, em frente ao Parque da Cidade; Avenida Paulo VI e Avenida ACM; e Avenida ACM para a Avenida Tancredo Neves – este último com reorganização do sistema viário. O projeto é complementado com a implantação de áreas reurbanizadas com ciclovias e execução de obras de macrodrenagem, que evitarão futuros alagamentos na região do Cidadela.